Lay-Off. E Agora?
Ninguém estava à espera disto não é verdade? A vida até nos estava a correr bem, a Economia estava a recuperar, o desemprego a descer e de repente… ZAU! Tudo muda quase de um dia para o outro.
Muita gente a trabalhar de casa, muitos sem sequer trabalhar e outros a trabalhar demasiado. De uma forma ou de outra, todos fomos afectados pelo COVID-19.
Apesar de haver muitas situações diferentes, o meu artigo de hoje é dirigido a quem viu a empresa entrar no até então desconhecido regime de Lay-Off.
O Que é o Regime de Lay-Off?
Não vou inventar e vou citar a Segurança Social:
“O Lay-Off consiste na redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho, efectuada por iniciativa das empresas, durante um determinado tempo, devido a motivos de mercado; motivos estruturais ou tecnológicos, ou catástrofes, ou outras ocorrências que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa.”
Para além de afectar as empresas, o regime de Lay-Off afecta também os seus trabalhadores que passam a receber apenas 2/3 do salário.
A Empresa para Onde Trabalho Entrou em Lay-Off. E agora?
A parte mais difícil, mas também a que te permitirá olhar em frente com mais optimismo, é ACEITAR. Aceitar que aconteceu, que estás a viver essa realidade, que o teu rendimento vai sofrer uma redução e esforçares-te ao máximo para saíres dessa situação sem seres muito prejudicado.
Antes de continuar, gostava de deixar claro que sou totalmente a favor de fazermos o que está ao nosso alcance para manter postos de trabalho e de continuarmos a consumir para que a produção e a economia não parem.
No entanto, penso que há alturas em que os nossos interesses pessoais (e por consequência, o nosso bem-estar) devem falar mais alto. Cabe-nos agora fazer o melhor pela nossa vida e pela nossa saúde financeira e como tal as nossas necessidades individuais devem ser postas em primeiro lugar.
Em linha com isto está a importância do Fundo de Emergência, porque é para este tipo de situações que ele serve.
Para quando, de um momento para o outro, nos vemos privados de uma parte do nosso rendimento. Quem tem um Fundo de Emergência, vai certamente conseguir safar-se melhor nos próximos tempos e passar por tudo isto de uma forma mais tranquila.
Quem não tem um, tem urgentemente de começar a pensar nisso. Ler este meu post é um bom começo.
Como gosto de focar-me nas soluções e não nos problemas, deixo abaixo um conjunto de coisas que deves fazer para que, caso tenhas sido abrangido pelo regime de Lay-Off, consigas gerir melhor as tuas finanças nos meses conturbados que se avizinham.
1 – Calcula Qual Vai Ser o Teu Rendimento do Próximo Mês
Tens no site da Segurança Social um simulador que te permite ver quanto vais receber consoante o teu caso: suspensão do contrato ou redução do horário de trabalho. Basta que coloques o valor da tua retribuição mensal (antes de impostos) e o simulador faz o resto.
Em caso de suspensão do contrato, o subsídio de refeição e eventuais prémios ou outros subsídios não serão pagos. Tem também isso em consideração.
2 – Adapta o teu Orçamento Mensal ao Que Vais Receber
Agora que sabes quanto vais receber, é fundamental que organizes o teu orçamento em função disso para que o dinheiro chegue para tudo.
Aprende neste post como podes construir o teu orçamento mensal.
Lista todas as tuas despesas fixas e obrigatórias e certifica-te que as tuas necessidades básicas estão asseguradas: casa e respectivas contas, supermercado e pouco mais.
Nota: Se com 2/3 do teu ordenado não consegues assegurar as tuas necessidades básicas, precisas urgentemente de rever as tuas finanças: é sinal que andas a viver um pouco acima das tuas possibilidades.
Lista depois os teus outros gastos não essenciais e reflecte sobre a sua real necessidade numa altura como esta.
3 – Não Tentes Manter o Mesmo Estilo de Vida e Suspende Gastos Não Essenciais
Se depois de todos os teus gastos estarem listados, chegares à conclusão que o teu orçamento está apertado, suspende tudo o que não é essencial numa fase em que não estás a trabalhar e pouco ou nada sais de casa.
No tempo em que estás em casa, corta no take-away e cozinha a tua própria comida. Acaba com as compras on-line de roupa, cosméticos e bijuteria só porque sim. Cancela a mensalidade do ginásio, de clubes ou academias. Suspende a empregada doméstica e o serviço de engomadoria. Não subscrevas novos serviços on-line. Compra o essencial no supermercado. Adopta novos hábitos de consumo.
Se adaptares os teus gastos à tua nova realidade, a probabilidade de correr tudo bem, é muito maior. Lembra-te que tudo é temporário, e quando as coisas voltarem à normalidade, poderás retomar tudo o que tiveste de suspender.
Esta parte é fundamental. Tens de adaptar o teu estilo de vida à tua nova realidade e ao valor que vai passar a entrar na tua conta bancária. Quereres manter o mesmo estilo de vida com uma redução no rendimento, é o mesmo que andares a comer caviar quando só tens dinheiro para comprar atum.
4 – Pede Moratória / Fala com o Teu Senhorio
Na altura em que escrevo este post, ainda não havia legislação sobre o arrendamento. No entanto, se te vires numa situação mais difícil, em que o pagamento a 100% da tua renda de casa compromete-te o orçamento, explica a situação ao teu senhorio e tenta negociar com ele pelo menos o pagamento de metade do valor.
É importante que não te esqueças que o que não pagares este mês e no próximo, terás de pagar mais à frente, sobrecarregando-te novamente o orçamento. Não faças acordos irrealistas e que te podem prejudicar. Analisa bem a situação e opta pelo que for mais confortável para ti.
Em relação às Moratórias, estás um pouco dependente das condições do teu banco. Há bancos que estão a permitir adiar o pagamento total da prestação, outros somente o pagamento dos juros. Não vou divagar sobre as condições de cada um, porque com uma simples ida ao Website ficas a saber, mas deixo alguns conselhos:
- Avalia a tua real necessidade em fazeres este pedido e não o faças só para durante um tempo não pagares nada ao banco.
- A moratória não cancela o pagamento das prestações, ok? Vais ter de as pagar na mesma. Elas são simplesmente adiadas ou reduzidas temporariamente.
- Lê bem as condições de adesão e não assines nada sem estares totalmente esclarecido. Há casos em que pode existir um aumento da prestação mensal no final do período da moratória.
- Se entenderes fazer o pedido, não gastes o teu dinheiro em coisas absurdas. Se não tens dinheiro para pagar a prestação da casa, também não tens para encomendar comida todas as noites.
- A moratória permite suspender as prestações entre Abril e Setembro. Depois disso, não há desculpas. Como não sabes a tua situação em Setembro, reflecte bem sobre a real necessidade de fazeres este pedido.
5 – Arranja outra Fonte de Rendimento
Partilhei neste artigo 4 formas de ganhar mais dinheiro e neste Como Ganhar Dinheiro a Partir de Casa. Lê-os e pode ser que te sirva de inspiração para arranjares uma nova fonte de rendimento adaptada às circunstâncias que estamos a viver.
Muitos serviços estão parados, mas a verdade é que há novos a surgir: estafetas para entregas, reforço em hospitais e lares de idosos, reposição nos supermercados, serviços on-line, reforço de call-centers, enfim..só tens de ser criativo e encontrares a tua oportunidade dentro daquilo que sabes e estás disposto a fazer.
A verdade é que todos, de uma maneira ou de outra vamos ter de fazer sacrifícios nos próximos tempos. Arranjares um trabalho diferente durante uns tempos para manteres as tuas finanças em ordem não tem problema nenhum e podes mesmo aprender muito com isso.
Estas são as coisas principais que podes fazer para que os danos de teres sido mandado/a para casa sejam menores. Os próximos tempos serão difíceis, isso é certo. Por isso, cabe-te a ti, dares o teu melhor e fazeres alguns esforços e sacrifícios para que esta situação te atinja o menos possível.
Alguma dúvida ou desabafo que queiras fazer, envia-me um e-mail para cat@catpoupanca.pt
Ah, e Obrigada por estares desse lado.
Cat