PPR: um produto financeiro tão falado e tão desejado por alguns, mas ainda muito confuso para a maioria.
Não te preocupes porque neste artigo vou descomplicar o tema ao máximo, para que tires as tuas dúvidas e fiques com mais informação sobre este produto financeiro.
O que é um PPR?
Os PPR (Planos de Poupança Reforma) são produtos de poupança com um horizonte de investimento de médio ou longo prazo, com o principal objetivo de, tal como o nome indica, serem um complemento à tua reforma.
No entanto, podem não ser utilizados exclusivamente com esse fim, e podes ter um PPR apenas como uma solução de investimento a médio ou longo prazo, e sem o objetivo de utilizares o dinheiro somente na idade da reforma.
Existem muitos PPRs, com características e níveis de risco diferentes, e o teu papel vai ser encontrar aquele que melhor se adequa ao teu perfil e aos teus objetivos.
Aquele, ou aqueles, porque podes perfeitamente ter mais do que um.
Que PPR existem?
Apesar de o nome ser sempre o mesmo, existem 2 tipos de PPR, e eu vou explicar-te as características de cada um deles:
1. SEGURO PPR
O que é?
É um seguro de capitalização, ou seja, um seguro destinado à captação e rentabilização das tuas poupanças.
É comercializado por uma Seguradora, normalmente possui capital garantido e por isso mesmo um retorno mais baixo em comparação com os outros tipos de PPR.
Alguns Seguros PPR têm mesmo uma taxa mínima garantida.
Para quem é?
Este tipo de PPR é o que tem mais expressão em Portugal, confirmando o perfil conservador do investidor Português.
É ideal para um investidor com um perfil mais conservador, que prefere a segurança do seu capital em vez de rentabilidade.
Por ter menos risco associado, podes pensar nele mais perto da idade da reforma.
Posso perder o meu dinheiro?
A garantia do capital é dada pela seguradora, e só ficas sem o teu dinheiro caso a seguradora vá à falência.
A entidade reguladora dos Seguros PPR é a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) que divulga anualmente a rentabilidade dos Seguros PPR existentes no mercado.
Quanto tenho de investir?
Depende do produto que escolheres.
Existem Seguros PPR com reforços mensais a partir de 25,00 €.
Tu escolhes a frequência e o montante com que queres reforçar o teu PPR, sempre consoante as condições contratuais.
Nota: Dentro dos PPR sob a forma de Seguro, também existem os PPR Unit-Linked que funcionam como um contrato de seguro que está ligado a fundos de investimento. Não os vou abordar neste artigo, para não ser demasiada informação, e porque não é um produto de investimento tão procurado.
2. FUNDO PPR
O que é?
Idênticos a Fundos de Investimento Mobiliário, os Fundos PPR são compostos por unidades de participação em diferentes produtos como acções, obrigações, moeda, etc.
Essas unidades de participação têm um determinado valor, que oscila diariamente consoante as oscilações do mercado dos produtos onde estão investidas.
São geridos por Sociedades Gestoras de Fundos de Investimento, que aplicam o valor que entregas consoante a sua política de investimento.
É por isso mesmo que os Fundos PPR não têm capital garantido e logicamente um maior risco associado.
Esse nível de risco vai estar associado ao nível de risco dos produtos nos quais o fundo investe, daí ser tão importante analisares a composição do Fundo PPR antes de o subscreveres.
Tens aqui um link da CMVM onde podes consultar a composição discriminada da carteira dos diferentes fundos que existem.
Para quem é?
Para investidores com um perfil mais moderado ou arriscado, que estejam dispostos a assumir um risco maior para obterem uma rentabilidade superior.
Existem Fundos PPR com mais e menos risco associado, ideais para diferentes perfis de investidor.
Posso perder o meu dinheiro?
Nos Fundos PPR, o investidor é sempre dono do seu dinheiro e a entidade gestora limita-se a fazer a gestão do mesmo.
Se a entidade gestora for à falência é nomeado outro gestor para fazer a gestão do dinheiro.
A entidade reguladora dos Fundos PPR é a CMVM e podes consultar na Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) a rentabilidade de alguns Fundos PPR, bem como na Morningstar.
Quanto tenho de investir?
Tal como expliquei acima, depende do produto que escolheres. Há Fundos PPR com periodicidades e montantes de reforço diferentes.
Nota: Dentro dos PPR sob a forma de Fundo, também existem os Fundos de Pensões, que se destinam exclusivamente ao financiamento de planos de pensões. Não os vou abordar neste artigo, para não ser demasiada informação, e porque não é um produto de investimento tão procurado.
Quais os benefícios dos PPR?
Os PPR são produtos de investimento vantajosos, essencialmente pelos benefícios no momento de subscrição (“à entrada”) e no momento do resgate (“à saída”).
Benefícios à entrada:
Podes declarar o teu PPR no teu IRS e teres um benefício fiscal de até 20%.
O benefício que vais ter no teu IRS apresenta-se sobre a forma de deduções à colecta e o valor que vais conseguir deduzir depende do teu rendimento, das tuas deduções à colecta, da tua idade e do montante que investires nesse ano.
Assim, se tiveres:
- menos de 35 anos, podes deduzir, no máximo, 400 euros, desde que apliques 2.000,00 €;
- entre 35 e 50 anos, podes deduzir até 350 euros, desde que apliques 1.750,00 €;
- a partir dos 50 anos, podes deduzir até 300 euros, desde que apliques 1.500,00 €.
Se tiveres 32 anos e investires 5.000,00 € num PPR durante o ano, o máximo que vais conseguir de dedução são 400,00 €.
Entendido?
Se usares o benefício fiscal e declarares o teu PPR no teu IRS, não o podes resgatar exceto nas seguintes condições:
- Reforma por velhice (se decorridos 5 anos desde a primeira entrega);
- A partir dos 60 anos (se decorridos 5 anos desde a primeira entrega);
- Tu, ou qualquer membro do teu agregado familiar seja desemprego de longa duração;
- Tu, ou qualquer membro do teu agregado familiar tenha uma incapacidade permanente para o trabalho;
- Tu, ou qualquer membro do teu agregado familiar, tenha uma doença grave;
- Para amortização de prestações vencidas do Crédito Habitação
Se o fizeres fora destas condições, terás de repor todo o benefício fiscal que obtiveste, acrescido de 10% por cada ano decorrido até à data do resgate.
Autch.
Sugestão: podes fazer um PPR para obteres o benefício fiscal, e quando atingires o tecto máximo, aplicas o dinheiro noutro PPR para poderes mexer no teu dinheiro caso precises, e não teres penalizações.
Benefícios à Saída:
A tributação sobre as mais-valias (o lucro que obténs com os teus investimentos) é geralmente de 28%.
No caso dos PPR, essa tributação é inferior e também deves ter isso em consideração quando estás a calcular o potencial retorno deste investimento.
Menos impostos significa mais dinheiro no bolso.
Assim, a tributação das mais-valias dos PPR, é a seguinte
- Fora das condições da lei:
- PPR com menos de 5 anos: 21,5%
- PPR de 5 a 8 anos: 17,2%
- PPR com mais de 8 anos: 8,6%
- Dentro das condições da lei:
- PPR com menos de 5 anos: N.A.
- PPR de 5 a 8 anos: 8%
- PPR com mais de 8 anos: 8%
Nota: Se tens um PPR subscrito até 30 de setembro de 2022, e para responder ao aumento do custo de vida, podes resgatá-lo excecionalmente até ao final de dezembro de 2023 sem qualquer penalização. Tens apenas de cumprir o resgate máximo mensal permitido (valor do indexante dos apoios sociais em 2023: 480,43 €).
Há tantos PPR, como posso escolher o meu?
A pergunta de milhões.
Escolher um PPR não é tarefa fácil, porque existem muitas opções no mercado, e nem sempre tens a paciência de procurar e analisar tudo ao pormenor.
Como em quase tudo na vida, queres uma solução rápida, e eficaz.
Mas no mundo dos investimentos isso não existe, e se queres construir uma boa carteira de investimentos, equilibrada e alinhada com a vida que queres levar, tens de dedicar algum do teu tempo a estudar e compreender os produtos e analisar quais os mais indicados para ti.
Certamente que a tua tendência será sempre escolher o melhor, com a melhor rentabilidade, e nem sempre é fácil encontrar esse produto.
Não te vou sugerir comparadores, porque nunca sei se a informação é isenta, por isso recomendo mesmo que faças o teu trabalho de casa, e analises por ti.
Deixo-te algumas indicações do que deves ter em consideração ao analisares os diferentes PPR:
- Começa por pensar com que tipo de PPR te identificas mais: Seguro ou Fundo? O teu perfil de investidor vai desempenhar um papel fundamental nesta decisão e vais naturalmente aproximar-te mais de um, ou de outro.
- Pensa também no objetivo do teu PPR. Que uso lhe queres dar? É para usares apenas como complemento na tua reforma ou é mais uma poupança a médio prazo que queres mobilizar num determinado momento?
- Define a periodicidade e montante dos reforços que vais fazer porque essa decisão pode logo excluir alguns PPR à partida. Tens a capacidade para fazer reforços mensais? De que valor? Ou vais optar por reforços semestrais, ou anuais? Analisa o teu orçamento mensal para decidires que estratégia de investimento vais escolher.
- Lê toda a informação que consta no Documento Informativo (no caso dos Fundos analisa as Informações Fundamentais do Investidor) para perceberes qual a estratégia de investimento desse PPR, a que produtos está exposto, quais os riscos associados, como se tem comportado, quais as previsões de rentabilidade, etc. Ao fazeres isto vais conseguir perceber de forma natural se estás confortável e seguro com o produto que estás a analisar.
- Analisa nesses mesmos documentos os custos associados: comissão de subscrição, resgate, entrega, gestão, necessidade de abertura de conta no banco, etc. Podes mesmo construir um documento para registares toda a informação para poderes fazer uma comparação. É importante que faças esta análise das comissões, porque há PPRs que têm taxas e comissões tão elevadas que acabam por tornar a rentabilidade do produto menos interessante. Na tua análise lembra-te: tão importante como a rentabilidade, são os custos associados.
- Percebe as condições em que podes resgatar o teu dinheiro e se existe algum tipo de penalização associado. Se utilizares o teu PPR para benefício fiscal, tens de ter atenção às condições previstas na lei que mencionei anteriormente. Se não usares, tens na mesma de ter atenção às penalizações contratuais que vão variar de instituição para instituição.
- Não vás na conversa do familiar, amigo ou gestor de conta. Não subscrevas um PPR só porque alguém que conheces também o tem e diz que é bom. Toma decisões informadas e com base naquilo que são os teus objetivos e perfil.
- Lembra-te que não és obrigado a ter apenas um. Podes ter mais do que um PPR como forma de diversificares a tua carteira de investimentos.
Não queiras acertar logo à primeira porque isso te pode impedir de avançar.
És um investidor em constante aprendizagem e evolução e podes sempre mudar de PPR com o tempo à medida que vais adquirindo mais conhecimento e ganhando clareza na tua estratégia de investimento.
Podes transferir o teu Fundo PPR para outro sem custos e sem perderes os ganhos obtidos até à data.
No caso dos Seguros PPR com capital garantido, é aplicada no máximo uma comissão de 0,5% sobre o montante a transferir.
Espero que este artigo te tenha ajudado a esclarecer as principais dúvidas, e que agora te sintas mais preparado para avançares na pesquisa do PPR mais indicado para ti.
Se queres aprender mais sobre outro tipo de investimentos, espreita este artigo.
Partilha este artigo com familiares e amigos para os ajudares a melhorarem a sua vida financeira.
Obrigada por estares desse lado.
Cat